Os números da agricultura biológica em Portugal têm vindo a aumentar de forma consistente nos últimos anos, apesar das críticas que muita da área em AB são pastagens (sem que os animais sigam regras de AB) e que muito do que é considerada área de agricultura biológica é uma área de ausência de intervenção, sem que as práticas fundamentais sejam seguidas. Em ambos os casos as críticas justificam-se embora quanto à pastagem também na SAU total há 52 % de pastagens. Já a rotação de culturas (com leguminosas - fixadoras de azoto, nem que seja na entrelinha), culturas de cobertura como adubação verde ou matéria orgânica de origem animal, estejam em claro déficit.
Produtores e áreas actuais
Apresenta-se a evolução das áreas e produtores publicadas desde o início(*) até Junho de 2025, com os números dos últimos anos recolhidos no Observatório Nacional da Produção Biológica (ONPB). Apesar de haver inconsistências na apresentação dos números, com diferenças mesmo em anos que se esperariam consolidados (como 2023, em que a área apresentada chegou a passar o milhão de hectares, o que só terá acontecido em 2024). Em Junho de 2025 haveria mais de 1,1 milhões de ha em AB (28,9 % da SAU) dos quais já com áreas em biológico serão 564.608 ha (14,6 %) e o restante (perto de metade) está ainda em conversão.


Alguns números de Portugal.
No capítulo 10 do Livro "Raizes da AB" apresentam-se gráficos e quadros com alguns números e produções em Portugal, desde os anos '80. Para as principais culturas apresentam-se ainda gráficos com a evolução das áreas.
Foram considerados dois períodos principais:
- Anos '80 até 1993 e de 1993 à actualidade.
1993 é o primeiro ano de existência de dados oficiais publicados pelo Ministério da Agricultura, que coincide com a entrada em vigor do Regulamento Europeu, publicado em Junho de 1991.
O primeiro período foi ainda sub-dividido em:
i) - antes do Caderno de Normas da AGROBIO (em final de 1985); ii) - de 1985 a 1993.
Nas imagens ao lado estão alguns exemplos dos gráficos apresentados no livro.
Abreviaturas do 2.º gráfico: UP - Unidade de Produção, UT - Unidade de transformação (preparação)
Fontes:
Até 1985: Apuramento por testemunhos orais ou documentos diversos, como artigos de jornais e revistas.
De 1985 a 1992: "A Joaninha", periódico da AGROBIO.
A partir de 1993: Ministério da Agricultura ou Eurostat. Actualmente: ONPB
Todos os agricultores considerados nos primeiros números foram identificados nominalmente pelo que a contagem é precisa. Se quiser saber se algum produtor que conheça foi considerado, poderá indicar o nome de quem conhece e questionar. Já as áreas não foi possível apurar em todos os anos, apresentando-se irregularmente. Também foi possível identificar os produtos e produções obtidas, nomeadamente nos anos anteriores ao controlo oficial.
Até 1985 a fonte são registos diversos e testemunhos, de 1985 a 1993 são considerados os conteúdos de "A Joaninha" e as listas de produtores com base no Caderno de Normas da Agrobio, a partir de 1993 os números são os oficiais, com base no cumprimento da Regulamentação Europeia, publicada pelo Ministério da Agricultura ou pelo Eurostat (que, por vezes, não coincide).
Os dados publicados pelos diferentes organismos, do Ministério da Agricultura, que assumem o papel de Autoridade Competente (AC) em Portugal para a Agricultura Biológica, resultantes de uma recolha sistemática efectuada desde 1998, constatam-se diferenças inferiores a 5 % - 10 % (mais frequentes), mas por vezes maiores. Exemplo de pequenas diferenças são as do número total de operadores em relação à soma dos mesmos por região (mesmo ainda antes de haver operadores nas Regiões Autónomas, por exemplo em 1994 e 1995). No período em torno de 2010 as diferenças são maiores, talvez pela alteração de critérios de coleta de dados e respectivo tratamento. Igualmente os valores regionais indicados pela Socert em 1997, ou a soma de alguns dados das informações diretas recolhidas na Socert e Sativa (por exemplo de 2002, em que eram os únicos organismos de controlo), são diferentes dos dados publicados pela AC. Nem sempre existem todos os dados, e há variações de classificações que não permitem uma continuidade na análise.
Da análise dos gráficos ou dos números verificam-se algumas reduções do número de operadores e áreas motivadas por alterações que perturbam o desenvolvimento e que provocam clivagens- Por exemplo:
- Em 1985, porque nem todos os operadores aderiram ao controlo da Agrobio.
- De 1995 para 1996, em que houve contestação à passagem do controlo da Agrobio para a Socert
Mas há também outras variações positivas em que está bem patente a influência das políticas no desenvolvimento da agricultura biológica.